
Existe mais de uma espécie de flor-cadáver e em uma incrível coincidência, duas conseguiram florescer ao mesmo tempo em um jardim botânico japonês. Assim, permitiu que as duas polinizassem naturalmente.
Nesse sentido, o resultado deste incrível golpe de sorte é que uma das flores-cadáver já frutificou, produzindo 736 sementes para a conservação deste maravilhoso enigma botânico. Entenda um pouco mais!
Como é uma flor-cadáver?
A flor-cadáver, também conhecida como Amorphophallus titanum, consiste em uma planta famosa por sua inflorescência imponente e pelo odor extremamente desagradável que emana durante a floração.
Além disso, a flor-cadáver ganhou notoriedade devido ao seu cheiro fétido, muitas vezes descrito como semelhante ao de carne em decomposição. Entretanto, o odor desagradável tem um propósito na natureza, atraindo insetos necrófagos, como besouros e moscas, que são os polinizadores naturais da planta.
Sendo assim, a floração da flor-cadáver representa um evento raro e imprevisível. Geralmente, essas plantas têm um ciclo de vida que envolve períodos de dormência, crescimento vegetativo e, finalmente, a floração.
Portanto, a imprevisibilidade da floração e a raridade do evento fazem com que a flor-cadáver seja uma atração especial em jardins botânicos ao redor do mundo. Logo, costuma atrair a atenção de entusiastas e curiosos.
O que aconteceu no jardim botânico do Japão?
Das 10 flores-cadáver do Jardim Botânico Tsukuba do Museu Nacional de Natureza e Ciência do Japão, apenas uma floresceu desde 2012. Assim que a flor, que é a maior do mundo, sai ao sol, ela começa a liberar um perfume para atrair insetos polinizadores.
Mas não está procurando alimentadores de néctar, ela está à procura de moscas carniceiras. Posto que o cheiro foi descrito de várias formas, porém todos desagradáveis, e logo se tornou difícil para os trabalhadores coletar o pólen das flores gigantes.
Sendo assim, todas as tentativas artificiais de polinizar as plantas em cativeiro falharam e nenhuma das plantas foram polinizadas naturalmente.
“Não sabemos o porquê, se a polinização não pode ocorrer com o pólen desta planta ou se o pólen tem uma vida útil limitada”, disse o pesquisador-chefe Chie Tsutsumi ao Mainichi.
Então, em maio deste ano, uma planta feminina em seus jardins produziu uma pequena flor, 8 dias antes de uma planta masculina. Assim, eles rapidamente pegaram o pólen de uma e usaram para polinizar a outra.
Aliás, demorou cerca de uma hora para limpar cuidadosamente o pólen da planta fêmea, enquanto os funcionários eram banhados por um cheiro que era muito difícil de sair de suas roupas.
Então, em novembro, a planta frutificou finalmente e a equipe pode coletar as sementes. Mais de 700 pequenos frutos vermelhos. Tsutsumi afirmou que ficou ansioso para cultivar as sementes, posto ser uma planta de difícil cultivo.
Veja o caso de outra espécie de flor-cadáver

Em fevereiro de 2022, noticiaram o trabalho de Sofi Mursidawati, Ph.D. em agricultura no Jardim Botânico de Bogor, que está tentando criar o primeiro viveiro do mundo para uma outra flor-cadáver, a Rafflesia arnoldii, que tem um caráter muito diferente da primeira.
Sendo assim, a Rafflesia é um espécie parasita que não tem folhas, raízes ou caules, apenas uma flor gigante de um metro de comprimento. Por outro lado, a Amorphophallus tem um sistema radicular com mais de 90 quilos.
Com sementes do tamanho de grãos de serragem, as flores polinizadas infectam um gênero de videiras chamado Tetrastygma, antes de crescerem lentamente ao longo de muitos meses até se tornarem um enorme bulbo do tamanho de um repolho.
Entretanto, essa espécie nem é considerada uma planta mais. Afinal, ela deixou de ter uma genética que codifica a fotossíntese há milhões de anos e depende inteiramente de seu hospedeiro para obter energia e nutrientes.